terça-feira, 31 de março de 2009

Num bosque eu vi uma fada

Num bosque eu vi,
Senti você.
Voando, cintilando
Com um doce brilhar.

No orvalho te vi
Seu olhar, seu rosto
Assim despertou,
Emoções, suaves
Belas e singelas,

Olhando assim,
Que bella!
É a aurora da vida,
Uma fada, fadinha
Que encanta e canta
a todos
aos quais ilumina.

Brillando fica o bosque
com sua simpatia!
Jorra carreiras de luzes,
tentando afastar a noite

Noite que
CHEGA!

Forte,
Maliciosa,
Sufocante.

Vai
vem
joga e desdém
empurra e desce louca!
Estremece.

Empurra a luz
bosque afora.
Não deixa sequer um lumiar.

E os vaga-lumes?
Permanecem
únicos.
Tentam trazer a luz
do que outrora era dia,
do que outrora era doce...

Vagam
aqui
ali
lá.
tornam a vagar e vagar...
voltam sem nada
devolvem seu brilho à fada.

Fada que tanto iluminou

tantas folhas!
tantas árvores!
tantas copas!
tantas terras!

resta quieta em sua flor,
para um novo dia,
nova hora
despertar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Santos


Há alguns meses visitei essa cidade, para quem não conhece ela abriga um dos maiores portos da América Latina. Andei pela sua orla, de bicicleta, observei assim um trajeto, um percurso com início, meio e fim. Quanto mais andava, mais a vontade crescia, vontade de ver mais, de entender essa parte de São Paulo, tão próxima do centro, tão distante do crescimento. Há sim vários prédios, ruas que porém não se movem. Continuam ali para um visitante poder observá-las e vivê-las. Ainda conheço pouco, mas como tia diz: "Estou aqui a ver navios". De maneira irreverente ela diz que literalmente quando se está ali de um lado vemos o mundo desenvolvido, altamente tecnológico, do outro um mundo ainda desconhecido ainda assim imutável aos nossos olhos. Encontra-se assim quem está em Santos uma dualidade. Razão versus sentimento. A briga aqui não é de quem vence é de quem sobrevive. Do lado da terra há um sobe e desce de egos, alguns altos, outros gordos disputando sempre o mesmo espaço. Roubam assim um bem precioso, o silêncio. Do lado do oceano, há um silêncio contínuo, é um movimento que vai e vem, empurrando a terra e desdobrando a areia. Encontro-me assim a contemplar o infinito, não o verdadeiro, sim aquele do imaginário humano. Como já dizia Kant, somente o que minhas lentes permitem ver.

domingo, 22 de março de 2009

Joaninha

Joaninha, doce Joaninha.
Encanta-nos pelo gesto,
Elegante,
Sutil e silenciosa.

Aparece sem se notar,
não se percebe entrar.
Devagar chega junto,
de repente se mostra.

Não há, em face alguma
quem se desfaça
de seu caminhar.

Outro ser seria talvez afastado,
Não ela, que desperta olhares...

Somos crianças.
Pequeninos
ao seu lado.

Os pontinhos pretos no vermelho,
Curioso,
parecem olhos cheios de ternura,
de afago,
de carícias.

E quando pousa!
Não há quem resista de pegá-la nas mãos!
Sentir seu caminhar fraco, mas ligeiro,
percorrendo mão, braço, pescoço,
dorso.

Assim, sem pressa, depois de se apresentar,
se despede,
Voando devagar, para quem sabe outro dia,
outro momento,
nos achar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Suspiros de uma chuva de verão

O som da flauta ecoa,
ouço uma voz suave,
aos poucos bate forte,
se silencia.

Seu olhar é cinzento,
aos poucos se fechando
eis que se escutam
batidas,
batem, batem...
são toques de minutos
de segundos,
uma saraivaadda.

Surge assim seu
brilho, um estrondo!
Um grito desesperado
que vem,
que vai,
que volta,
que segue.

Eis que brilha,
seu suspiro é forte,
um sopro no
ouvido

Um cheiro verde,
o grito:
que vai
que vem,
se perde e
volta.

Seu olhar se torna escuro,
não há mais luz
seu borbulho é forte,
rouco e se mistura
com o sibilo, que fica
ainda mais forte.

As lágrimas, ah essas!
Caem com veemência!

Sua presença envolve,
esfria o ambiente,
é forte, gelada
sombria.

Seu sentimento é forte, paciente,
eloquente no que diz,
no que respira,
no que tange
a
emoção?

Ao calar de suas palavras
de seu clamor
de seu dizer
murmúrio.

Resta o que não misturar,
água e terra,
barro,
miséria.

Descrevendo a emoção

Descrever,
impossível!
Sentir sim!
100% do oxigênio,
de tudo,
de vida.

Tocar a leveza
cores,
maciez
bêbado fico,
bêbado acho
não toquei...

Fotografar,
sem razão!
Imaginar é ver,
deixar.

Ponto.
Extremamente necessário para que
se traduza,
para que não fique
sempre o mesmo movimento.

O toque assim é
imediato
A foto
é instantânea.
A descrição se torna
desnecessária.

A vida assim é lembrada
nunca mais será esquecida.
Muita descrição, pouca
discrição trazem incompreensão,
diminuem a razão.
Ao criar poesia, cria-se um poeta. Faz-se assim um mundo, mundo que não é mais seu. É nosso.