domingo, 4 de outubro de 2009

Uma vez de felicidade

Sentir tua boca pela eternidade
é o fardo que carrego
imerso numa chuva de lágrimas,
sentir tua voz ecoando em minha boca
apenas uma vez, foi o pior dos meus desejos,
do que antes ainda, ver nos meus sonhos
sua doce e singela face.

Tento decifrar então a beleza
nos sentidos,
na emoção
feridas suturadas, por todo o sangue derramado,
na lágrimas sempre verei o que me fez amar,
caminhar para o abismo.

Esperança pelo tilintar do telefone,
do inexplicável, entusiasta e animador que
sozinho,
me deixou.
Ora querido,
ora odiado.
ora amor?

Outra poesia a qual provavelmente escrevei entre 1998 e 1999.

Prece

Os dedos que tocam a harpa
tocam tantas notas
com seus variados estilos
os quais, somente os animais, sentem
a melancolia da sua prece,
dedos frágeis tocando alto,
nínguém ouve,
ninguém sente,
somente o vento
sabe o que é sofrer este tormento
de não ver mais a luz nos olhos
dos então, chamados,
homens.

Essa foi uma das minhas primeiras poesias, escrevi-a em 1998 ou 1999. Ela é bem pequena, mas descreve a minha alma.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Tesouro esquecido

O vento leva a areia da praia, distante dos olhos
perto do coração.

São pedrinhas pequeninas grãos inacessíveis,
mas como doem os olhos!
No entanto o baú permanece ali enterrado, debaixo de sua terra,
em meio à selva selvagem. O caminho até seu esconderijo é longo...

Quanta força é necessária para carregá-lo?
Como retirá-lo desse buraco?

São necessárias várias mãos para satisfazer desejos,
ânsias por um mundo novo, por novas riquezas
reluzem nos olhos de seus desbravadores.

Com as armas afiadas adentram areia afora,
apesar da ventania,
dos pequenos grãos que ainda permanecem em suas vestes.

O baú encontrado, desenterrado de seu caminho é revirado.
Ávidos piratas o saqueiam, procurando o brilho de suas pedras
Brilhantes que permanecem em seus olhos.
O cansaço superado, ostentam grandeza
sorrisos emaranhados entre folhas, arbustos e gramados.

Atentos observam o começo da nova vida. Entreolham-se seus descobridores.
Certos que um dia a riqueza acaba.
Certos que a nova vida não termina.
Certos que a certeza encabeça a mente dos puros de maneira a se destoar do límpido azul do céu.
Certos da vitória da nova vida, desmontando temores.

Certos, certos, certos, pois a vida é feita de acertos, erros só marcam presença.
Fazem crescer ainda mais a vontade de acertar.

O tesouro esquecido pertence a novos donos,
Conscientes de seu uso parcimonioso
Entendem seu valor, criando novas oportunidades
de gerá-lo sem causar dor.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um segundo

Um segundo sem seu sorriso
É um minuto que não respiro

Um segundo sem sua voz
É um minuto que não ouço

Um segundo sem seu carinho
É um minuto que não durmo

um segundo sem seus olhos
É um minuto que não enxergo

Um relógio sem voce
é uma vida inteira na procura
procura de algo para marcar o tempo
Tempo e você não coexistem

Sem você o tempo existe
Com você o infinito persiste

domingo, 9 de agosto de 2009

Oração do conselheiro

Ao senhor:
De voz forte, de voz precisa
Fala pouco,
Diz muito.
Pai é um presente, mesmo quando está ausente.
Presente que constrói nosso futuro,
Futuro esse não feito de tijolos, feito de dedos,
De exemplos.
Às vezes seu,
Às vezes não.
Seus conselhos são uma mistura,
São carinhos difíceis de tocar,
Muito fáceis de sentir.
São olhos que veem por um caminho que não é seu,
No entanto, como grande semeador, prepara todo o cultivo
Para os frutos que dali virão.
Seus conselhos são uma prece, pois são sementes ali plantadas!
Entretanto...
Por mais que se prepare a terra!
Por mais que se adube o chão!
São distintos em sentirem:
A chuva,
O sol,
O vento.
Ore então!
A cada noite para esse fazendeiro o qual dificilmente vê o fruto de suas sementes.
Ore, com a palma do coração aberta!
Que ele permanecerá ali, em sua prece divina, toda a vida a lhe cultivar,
a lhe proteger,
Incansavalmente,
de todo o mal.
Amém.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Valsa da Neve

Hades, Hades, Hades
porque flutuas pelas cabeças e
entras por cavidades inóspitas.
Me lembras os frios áridos e gélidos de teu Criador,
força arrebatadora que carregas contigo.

Diferente és por seres fogo,
chama ardente de desejos,
difícil de tocar como és o sopro gelado de Cronos,
embora ambos sejam fáceis de ser sentidos.

Tanto o frio quanto o calor,
possuem em sua denominação,
em sua palavra
uma estátua e um moinho.

Ouça a melodia de ser
frio calor
Frio... calorRRRR
Frio... caloRRRRRR
Frio... caloRR

A última volta do “erre” final quente de calor
esbarra no constante “Efe”
Estações Inverno e verão que formam a Valsa da Neve.
Branca
como dias de nuvem no céu.
Amarelo
Como brilhos ofuscantes na água.

É possível escutar sua melodia,
sua canção.
Toques de cristal ecoando pela imensidão da neve.
Durante o inverno as distâncias parecem enormes,
mas os sons se propagam com maior facilidade.

Escutas o leve tilintar das geleiras se desfazendo,
estalactites caindo, fazendo um sonoro agudo em teus ouvidos.
São como sinos em dia de batismo,
anunciando a estação vindoura

São novas emoções
novos caminhos a serem traçados por essa nova estação
que desponta seus raios,
aos poucos iluminando a neve,
se desfazendo de toda a textura
fria e sombria do inverno.

Num piscar se desfazem de toda a dor,
se entregando ao calor arrebatador do verão.
Inclusive os pássaros percebem essa transformação,
lenta quando se olha no espelho,
fulminante quando se toca.

A doçura da estação se mistura a liberdade de roupas leves
sem trançados nem cadeados
O vento discorre livre e solto sem sequer momento algum incomodar, refrescando a mente
esvaziando rios em pensamentos.

Rios que juntos desembocam no mar
a alegria da estação bem-vinda
completam a paisagem,
formando um quadro completo
dessa longa travessia.
Dessa valsa
A qual nunca termina.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A mulher da tua vida

“Não deves procurar a mulher da tua vida, mas a tua vida na mulher”

De que adianta seres homem, se ao desfrutar de tua natureza, não encontras satisfação na mulher.

Mulher não és teu fruto desejado que buscas,

Mulher é o sentimento que te faltas, carinho que vês ao avesso, pois teus óculos não te permitem olhar pelas suas lentes.

Mulher, por quantas tentas, estarás a adivinhar teus pensamentos, porém quanto melhor seria dividir tais?



Reparaste em momentos, lentos e a anos-luz teus sutis apreços.

Não viste teus pequenos sorrisos escondidos nos gestos pequeninos,



Ao entenderes mulher, não sejas vil, não tornes a procurar o que não encontraste em ti. Continuas tua vida, simplesmente abraçado a teu sorriso.



Queres continuar teu poema, pois bem, continuas tua vida que assim terás teu poema de vida em lento desaparecer.

Então porque procuras belas palavras, porque inventaste tolices para preencher a vida, porque não curtes teu amadurecimento, teu encanto e teu sabor.



Tens gana de sentir só, mas somente só percebes a solidão, não é sentimento simples, nem bom, nem ruim. Dá o ponto onde te encontras, por onde podes iniciar. Toda reta não iniciará sempre por um ponto, e terminará da mesma maneira em outro ponto qualquer? Assim independe de quantos pontos formam uma reta, pois não deixarão de ser pontos. O que acontece, ao longo do tempo é que juntos formam uma reta.



Reta comprida, reta curva, reta curta, reta espaçada. Tendências não são nítidas de perceber, claras somente o entendimento de onde iniciaste e onde te pousaste. De onde partiste e de onde chegaste. De quando entendeste e de quando desentendeste. De quando viste até quando não enxergarste.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O namoro começa pelos pés

O antes do namoro é um enfeite, de formas medidas.

Seu tamanho, pouco importa, você se importa?

É um caminho a ser sentido, com a palma dos pés.

São o começo da estrada a base do sustento.



“Assim...”



Ao tocar a grama com os pés, sinto o frescor da grama.

Parece um sorriso, leve, uma plumagem.



Ao tocar a terra com os pés, sinto áspero.

Uma sutil coceira, cheia de risos.



Ao tocar a chuva com os pés, sinto inundado.

Pura emoção, sem descrição...



Ao tocar o fogo com os pés, sinto queimado.

Calor intenso, fumaça, negrume difícil de adorar



Ao tocar o ar, com os pés, sinto a brisa.

A respiração, tranqüila e serena.



A água! O melhor toque.

Ao tocar os pés com água, sua superfície é sutil.

O equilíbrio do toque da palma, pois

Não está fora

Não está dentro

Deslizar sobre as águas seria magnífico, porém impossível!

É constante a procura do toque,

Ali é onde encontramos o prazer recíproco.

domingo, 10 de maio de 2009

Espírito materno

Espírito que nunca cansa do que vê.
Caminha sempre ao lado dos seus sentimentos.
Não se importa com o vento, com rumores, com tremores.
Continua uma vida que não é difícil no sentido apostólico.
Uma vida que é sempre vivida a cada instante, cada momento
Depois da primeira luz, do primeiro respiro, do primeiro sinal.
Ela vive contornando, envolvendo seus filhos, como um espírito de luz.
Presente sempre por segundos ao redor como um relógio que a cada instante,
Instante indeterminado nos diz as horas, ela então é um senhor do tempo.
Relógio do carinho que sempre nos informa seu amor a cada movimento de ponteiro.
É uma derivada sem curva, porém também sem números, ela simboliza o infinito.

Será eterna, será como um espírito e como guia espiritual continua com um flutuar leve, sem marcar
pois será sempre mãe.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Vontades de mulher

Quero sentir a dor no canto da sua boca.
Quero cheirar o perfume lascivo de sua existência
Quero ouvir o terror da sua clemência.
Quero sentar na sua vida e sentir seu amor ecoando pelo meu ser.

Quero ser pisoteada, amarrotada, suja para ser inteira banhada.
Quero ser o brilho do seu amor.
Quero ser sua adorável mulher.
Quero entender seus estreitos e suaves caprichos de me dizer que sou bonita

Quero entender seu carinho, seu tapa, sua mão pesada, suas marcas.

Não quero ser alvo fácil de um dia qualquer.
Não quero ser molestada por ser por inteiro uma mulher.
Não quero dever carinho nem apreço por um beijo sequer.
Não quero ter dúvida dos encantos de um sorriso esperto.

Não quero ter chance de desapaixonar e apaixonar novamente.
Não quero ser a sua meta, nem seu objetivo final.
Não quero dizer sobre amor e chorar por dias contínuos.
Não quero morrer para viver sem encantos.

Serei livre, serei toda uma doce fruta que ao cair por inteira no chão será viva, serei mulher.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Melancolia da estação passada

Outono, temperatura amena
ar respirável, fresco.
Pulmões cheios.
Fresco se desfez da vida.

As folhas caindo pintam a
paisagem
É o anuncio da tormenta.
Do inverno que atento vê.
Ele mais do que outros
percebe,
a sutileza da estação passada.

Ver a diferença entre inverno e verão
é fácil.
Difícil fica a passagem de outono para inverno.
As folhas vão caindo devagar.
Inevitavelmente vão se soltando de
suas árvores.

Estas que não percebem a solidão em que ficam.
Continuam ali paradas até a chegada do
inverno.

A frieza com que martela a vida.
Tira toda a emoção, tira toda a cor.

terça-feira, 31 de março de 2009

Num bosque eu vi uma fada

Num bosque eu vi,
Senti você.
Voando, cintilando
Com um doce brilhar.

No orvalho te vi
Seu olhar, seu rosto
Assim despertou,
Emoções, suaves
Belas e singelas,

Olhando assim,
Que bella!
É a aurora da vida,
Uma fada, fadinha
Que encanta e canta
a todos
aos quais ilumina.

Brillando fica o bosque
com sua simpatia!
Jorra carreiras de luzes,
tentando afastar a noite

Noite que
CHEGA!

Forte,
Maliciosa,
Sufocante.

Vai
vem
joga e desdém
empurra e desce louca!
Estremece.

Empurra a luz
bosque afora.
Não deixa sequer um lumiar.

E os vaga-lumes?
Permanecem
únicos.
Tentam trazer a luz
do que outrora era dia,
do que outrora era doce...

Vagam
aqui
ali
lá.
tornam a vagar e vagar...
voltam sem nada
devolvem seu brilho à fada.

Fada que tanto iluminou

tantas folhas!
tantas árvores!
tantas copas!
tantas terras!

resta quieta em sua flor,
para um novo dia,
nova hora
despertar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Santos


Há alguns meses visitei essa cidade, para quem não conhece ela abriga um dos maiores portos da América Latina. Andei pela sua orla, de bicicleta, observei assim um trajeto, um percurso com início, meio e fim. Quanto mais andava, mais a vontade crescia, vontade de ver mais, de entender essa parte de São Paulo, tão próxima do centro, tão distante do crescimento. Há sim vários prédios, ruas que porém não se movem. Continuam ali para um visitante poder observá-las e vivê-las. Ainda conheço pouco, mas como tia diz: "Estou aqui a ver navios". De maneira irreverente ela diz que literalmente quando se está ali de um lado vemos o mundo desenvolvido, altamente tecnológico, do outro um mundo ainda desconhecido ainda assim imutável aos nossos olhos. Encontra-se assim quem está em Santos uma dualidade. Razão versus sentimento. A briga aqui não é de quem vence é de quem sobrevive. Do lado da terra há um sobe e desce de egos, alguns altos, outros gordos disputando sempre o mesmo espaço. Roubam assim um bem precioso, o silêncio. Do lado do oceano, há um silêncio contínuo, é um movimento que vai e vem, empurrando a terra e desdobrando a areia. Encontro-me assim a contemplar o infinito, não o verdadeiro, sim aquele do imaginário humano. Como já dizia Kant, somente o que minhas lentes permitem ver.

domingo, 22 de março de 2009

Joaninha

Joaninha, doce Joaninha.
Encanta-nos pelo gesto,
Elegante,
Sutil e silenciosa.

Aparece sem se notar,
não se percebe entrar.
Devagar chega junto,
de repente se mostra.

Não há, em face alguma
quem se desfaça
de seu caminhar.

Outro ser seria talvez afastado,
Não ela, que desperta olhares...

Somos crianças.
Pequeninos
ao seu lado.

Os pontinhos pretos no vermelho,
Curioso,
parecem olhos cheios de ternura,
de afago,
de carícias.

E quando pousa!
Não há quem resista de pegá-la nas mãos!
Sentir seu caminhar fraco, mas ligeiro,
percorrendo mão, braço, pescoço,
dorso.

Assim, sem pressa, depois de se apresentar,
se despede,
Voando devagar, para quem sabe outro dia,
outro momento,
nos achar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Suspiros de uma chuva de verão

O som da flauta ecoa,
ouço uma voz suave,
aos poucos bate forte,
se silencia.

Seu olhar é cinzento,
aos poucos se fechando
eis que se escutam
batidas,
batem, batem...
são toques de minutos
de segundos,
uma saraivaadda.

Surge assim seu
brilho, um estrondo!
Um grito desesperado
que vem,
que vai,
que volta,
que segue.

Eis que brilha,
seu suspiro é forte,
um sopro no
ouvido

Um cheiro verde,
o grito:
que vai
que vem,
se perde e
volta.

Seu olhar se torna escuro,
não há mais luz
seu borbulho é forte,
rouco e se mistura
com o sibilo, que fica
ainda mais forte.

As lágrimas, ah essas!
Caem com veemência!

Sua presença envolve,
esfria o ambiente,
é forte, gelada
sombria.

Seu sentimento é forte, paciente,
eloquente no que diz,
no que respira,
no que tange
a
emoção?

Ao calar de suas palavras
de seu clamor
de seu dizer
murmúrio.

Resta o que não misturar,
água e terra,
barro,
miséria.

Descrevendo a emoção

Descrever,
impossível!
Sentir sim!
100% do oxigênio,
de tudo,
de vida.

Tocar a leveza
cores,
maciez
bêbado fico,
bêbado acho
não toquei...

Fotografar,
sem razão!
Imaginar é ver,
deixar.

Ponto.
Extremamente necessário para que
se traduza,
para que não fique
sempre o mesmo movimento.

O toque assim é
imediato
A foto
é instantânea.
A descrição se torna
desnecessária.

A vida assim é lembrada
nunca mais será esquecida.
Muita descrição, pouca
discrição trazem incompreensão,
diminuem a razão.
Ao criar poesia, cria-se um poeta. Faz-se assim um mundo, mundo que não é mais seu. É nosso.